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Maternidade

Desabafo de uma mãe em tempo integral.

Hoje resolvi escrever um pouco sobre minha experiência como mãe em tempo integral. Sabe, algumas pessoas acham que a decisão de ser “apenas” mãe é fácil. A mãe que trabalhava fora de casa (ou queria trabalhar) que toma essa decisão trava uma luta diária com seu próprio eu. Porque você só tem valor se estiver atuando no marcado de trabalho? Fiz faculdade e pós graduação. Será que estudei para ficar “apenas” em casa? Porque a mulher que já tinha uma carreira ou um trabalho promissor e decide parar um tempo, para ser “apenas” mãe, deve ser condenada?

A decisão de ser mãe 24h é difícil. Não estou aqui levantando a bandeira e defendendo quem toma essa decisão, pois a mãe que trabalha fora para se realizar profissionalmente ou porque precisa, também passa por um dilema diário, se dividindo entre o trabalho e os cuidados com os filhos. Independente da escolha, existem os bônus e os ônus.

Trabalhar “apenas” em casa começa quando acordamos e muitas vezes não termina nem quando dormimos. Vou dizer um pouco (um pouco mesmo, porque tem muito mais) o que faço. Dou/oriento seis banhos no dia e muitas vezes mal consigo tomar o meu banho. Alimento meus filhos pelo menos 12 vezes (essa soma é dos dois) e mal faço as 3 refeições no dia. Amo cozinhar e faço comida saudável (que é mais trabalhosa) para minha família e quando vou comer já nem tem tanta graça porque a comida já esfriou. Faço leite vegetal para meu filho mais velho que tem algumas restrições alimentares e quando percebo, já preciso fazer leite de novo. Direciono tarefas, atividades e brincadeiras, pois, apesar dos afazeres domésticos, não posso esquecer que estou em casa para cuidar, orientar e educar meus filhos em primeiro lugar! Então, em muitos momentos, paro o que estou fazendo para dar atenção ou desenvolver alguma atividade com eles. Meus filhos não podem e nem devem passar o dia na TV ou no computador.

Quando você decide ficar “apenas” ficar em casa, você perde a independência financeira e o orçamento fica mais apertado. Como consequência, você não paga alguém para te ajudar. E além dos cuidados (que não são poucos) com as crianças, você lava, limpa, arruma, cozinha, lava, limpa, arruma, cozinha e por aí vai.  É um ciclo, onde você repete o mesmo serviço várias vezes. E para mim, essa é a pior parte de ficar em casa, fazer  a mesma coisa várias vezes. AMO ser mãe! Mas ser dona de casa cansa. Tenho sorte um marido que me ajuda quando está em casa e tem segurado “as pontas” trabalhando pelo sustendo da família. Ah, e também agradeço demais a minha mãe que me ajuda sempre que pode, mas eu não gosto de abusar, mesmo sendo praticamente vizinhas, me viro nos 30 aqui!

Ser “apenas” mãe e ficar em casa faz você se questionar várias vezes. Pensamos se estamos fazendo o certo, se vamos nos arrepender futuramente e, às vezes, nos “deprimimos” quando vemos mães lindas, belas indo para seus trabalhos e tendo uma pausa para tomar um suco tranquilamente. Sentimos saudades do contato com o mundo lá fora e também dos colegas de trabalho. Quando somos “apenas” mães não recebemos salário, promoção, reconhecimento, férias, folga e fama.

A decisão de “apenas” ser mãe, tem um preço. Você acha fácil não ter muito tempo para si? Sabe que horas eu mesma faço meu cabelo e minha unha? Quase de madrugada depois que meus filhos dormem e está tudo em ordem na casa. Só porque sou mãe e fico em casa praticamente o dia todo, tenho que viver desarrumada? Não. Meus filhos ganharam uma mãe, eu não deixei de ser mulher e meu marido não pode perder a esposa. Preciso ficar bonita, arrumada e cheirosa para mim e para eles. Já pensou, toda vez que seu marido chega em casa, encontra um cenário de guerra e você toda “baleada”?  De vez em quando, o marido pode até chegar e encontrar  a esposa desarrumada em um dia realmente difícil, ou a casa com brinquedos espalhados, mas, sempre?! O coitado nem vai querer voltar para casa e vai dormir no trabalho mesmo. Se arrume mãe! Leia um livro (nem que demore séculos para terminar)! E mantenha a bagunça organizada!

Uma coisa que a mulher que decide ser “apenas” mãe precisa exercitar diariamente é a paciência inesgotável. Demonstrar paciência, alegria e equilíbrio com seus filhos testando seus limites ou chorando toda hora é um desafio e tanto! Ao escrever essas linhas eu penso que tudo isso é temporário, que a infância só passa uma vez, e que apesar do árduo trabalho de ser mãe em tempo integral, eu amo muito tudo isso!

Não julgo quem trabalha fora de casa, tem ajudante ou deixa os filhos com babás e familiares, então, por favor, não me julgue também. Cada um é livre para decidir e fazer o que quiser da vida. Minha vida não é curtição. Não passo o dia tomando chazinho, assistindo tv, enquanto meus filhos brincam tranquilos, quietinhos e em silêncio. Cuidar de duas crianças pequenas não é tão simples e fácil quanto parece. Eu não gosto de ficar em casa como alguns pensam, só estou dando uma pausa na minha vida para ser mais presente na vida dos meus pequenos.

Não me deseje mal, não rogue praga para mim, não tire conclusões precipitadas. No momento eu escolhi ser “apenas” a mãe de Estevão e Heitor, mesmo sabendo das vantagens e desvantagens. E quando você me encontrar na rua, não me pergunte com aquela cara de desprezo… “Ah… então quer dizer que você não trabalha e “apenas” fica em casa cuidando dos seus filhos?!”. Muitas vezes, faço mais do que você, que sai para trabalhar fora todos os dias.

Que Deus abençoe todas as mamães, independente da sua escolha. Mãe é mãe, e é guerreira, trabalhando dentro ou fora de casa. Tenho certeza que aquela que é MÃE com letra maiúscula só quer a felicidade de seus filhos! E eu sou uma delas!

Isleide Braga

Até o próximo post! 😉

PS: Um texto que poderia ser escrito em 30 minutos, levou o dia inteiro e só consegui terminar quando a super vovó veio aqui. Por que será? hahaha. Vou lá… ainda tenho um monte de roupa para separar e guardar! 😛 🙂

06Maio
Maternidade

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